a escola e a profissão [primeira parte]
Andava certo dia a Profissão a deambular pelas ruas da cidade de Coimbra quando, já cansada, se sentou num banco de pedra, junto a um muro também ele de
pedra, mas muito mal tratado.
Sentada, com o aspeto do pensador de Rodin,
com a diferença que tinha a bochecha encostada à palma da mão direita e o outro
braço descaído em sinal de desalento, começou então a dizer mal de si e do
mundo, de tudo e de todos, numa revolta incontida que libertava energias tão
negativas que até fizeram estremecer o muro a que estava encostada.
−− Que chatice! - ouviu exclamar.
Com ar de estranheza olhou para todo o lado, para baixo,
para cima, para os lados e até debaixo do banco, não estivesse lá um qualquer “marmanjo”… , mas não viu ninguém e voltou
à “cisma” em que estava.
−− Deixa-te disso! - ouviu de novo
−− Mas quem é que está aí? Eu sou uma mulher, mas não tenho
medo de nada nem de ninguém! Sou descendente da Mari´ Brites mais conhecida por
padeira de Aljubarrota!
−− Para quem é tão valente está muito nervosa….
−− Aiiiii … que eu dou-te um cachação, dou!
−− Acalma-te, eu sou a Escola e estou a tentar comunicar
contigo…encosta-te ao muro e escuta….
A descendente da Mari´Brites meio desconfiada, lá fez o que
a voz lhe pedia e…sentiu-se confortável encostada aquela parede de pedra de
Ançã … e deixou-se ficar ali, tentando ouvir, e adormeceu. Adormeceu e entrou
num sonho onde tudo falava: árvores, animais,…e até as casas, por estranho que
pareça, e o que elas contavam dos donos …era de corar até …. ao telhado, aos
pelos, às folhas,… (ahahah, riu-se para dentro a Profissão).
No meio dessa confusão toda, a escola dirigiu-se a ela e apresentou-se:
−− Eu sou a escola de
Santo António , aquele que dava sermões aos peixes…. Ahahah riu-se a Profissão, rematando,
aquela que tem montes de heterónimos… como um tal Fernando que era pessoa.
−− De certeza que queres? Aí vão: engenheiro, médico,
advogado, juiz, mecânico, construtor civil, militar, polícia, eletricista, agricultor,
professor, economista, enfermeiro, cientista, jardineiro,….Queres mais?
−− Não é preciso, exclamou a escola com espanto, é que nunca
vi tanto heterónimo…, nem os escritores… já agora podíamos falar sobre ti mais
detalhadamente …queres?
−− Tudo bem …então diz… disponibilizou-se a Profissão
−− Sabes, nós aqui construímos profissões, ou seja, saberes
como os teus…não queres cooperar connosco?
−− Como?
Olha, falando e esclarecendo os jovens sobre o significado e
objetivo de cada profissão e a importância de cada uma. Assim cada um tentar
descobrir o mais cedo possível o que quer aprender para a profissão que gostaria
de exercer quando for adulto e iniciar a sua vida no mundo do trabalho…
−− Boa ideia! Exclamou eufórica a profissão
Combinou-se então um seminário de entrada livre para jovens
e menos jovens com o slogan: “ Importância de Saber, para Bem Viver – a Profissão
que eu queria ter!
Continua..., por isso, passa por cá amanhã.
Fernando Catarino
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