Oficina de escrita: memórias
Doces memórias
Caros
amigos, embarquem comigo nesta viagem à minha infância.
Vivia numa pequena vila "shangkou",
era minúscula em relação ao país onde se encontra, mas foi essa pequena terra
que guardou as minhas memórias desde a nascença, no longo período de nove anos.
Era uma aldeia com população média, tinha um
jardim de infância e duas escolas, uma do 1.º ano, uma 6.º ano e outra do 2.º
ciclo, a partir daí, os alunos já iam para lugares mais distantes para poderem
estudar. Naquela época, ainda eram poucas as pessoas que conseguiam acabar a
escolaridade obrigatória, pois tinham que ir trabalhar desde muito jovens para
tirar o peso dos ombros dos pais.
Andei nesse jardim de infância durante três
anos, todos dias o meu tio me levava lá no camião. Era azul, alto e grande
comparado com o meu corpo que nem chegava a um metro. Havia dificuldades em
subir e então o meu tio pegava em mim e punha-me no camião. Sentia-se segura
nos braços dele.
Depois da escola, pedia ao meu tio que me
levasse às lojas da proximidade. O que eu ia lá fazer? Comprar? Comer? Não,
nada disso, o que me interessava mais não era a roupa, os brinquedos, a
comida... mas sim, o "carrinho" que estava mesmo à frente do portão
de ferro da loja! Geralmente, os "carrinhos" eram pintados de cores
vivas e atrativas, vermelho, amarelo, verde e azul. Muitos destes carrinhos
pertenciam aos senhores da loja e eram muito populares entre as crianças. Podiam
possuir diferentes formas, normalmente de animais ou de personagens de
animações ou filmes. Dentro do carrinho havia um espaço onde sentar-se, alguns ainda
podiam conter volantes, e por baixo disso encontrávamos o local onde podíamos
introduzir a moeda. Blingggg!!! e o carrinho começava a funcionar, abanava para
frente e para trás juntamente com uma música animadora. Gostava muito de andar nele,
sempre que a música começava, a música que já tinha ouvido dezenas de vezes, um
sorriso alegre subia ao meu rosto discretamente. Ups, a câmara! Os lábios que
levantaram até às orelhas no momento anterior baixavam se logo. Não gostava de
tirar fotos, e agora também não.
Quando a lua se pendura no ramo da árvore sem
que ninguém perceba, a noite chegou. A noite desta vila onde eu morava, é
iluminada pelas lojas, as luzes da estrada até muito tarde, o que não é
habitual nas vilas pequenas de Portugal. No verão, as pessoas passeiam nas ruas
cruzadas, à procura da frescura da noite.
A estante de livros, o guarda-roupa e esta
terra guardam as memórias mais preciosas da minha vida. Aqueles momentos que
sempre quis reviver, aqueles tempos que nunca esquecerei e que ficarão sempre
guardadinhos no fundo do meu coração.
Wan Zhang 8A
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