Oficina de Escrita
Contextualização histórica do conto A aia de Eça de
Queirós
O conto A aia está repleto de características
ligadas à História.
Para começar, a história narrada situa-se entre os
séculos XII e XIV, épocas onde existiam aias, que cuidavam e educavam os filhos
do Rei. Outro aspeto eram as guerras, supostamente contra os mouros, nas
famosas cruzadas.
Naquele tempo, as batalhas entre irmãos, (no caso
desta narrativa, o Rei e o seu irmão bastardo), eram comuns visto que eles
invejavam os herdeiros ao trono. Para tais batalhas, o inimigo do trono real recrutava
grandes exércitos para poder tomar o trono.
Já no século XII, existiam distinções entre classes
sociais. Nesta história, esta constatação é comprovada pelo material de fabrico
dos berços dos bebés, um de marfim, pertencente à casa real, e o outro de
verga, pertencente à “classe dos escravos”. Apesar dessa distinção, dormiam as
duas crianças no mesmo quarto (ou câmara) e eram amamentados pela mesma pessoa,
ou seja, a ama (ou aia).
Como referido anteriormente, os ataques ao trono eram
constantes. Neste conto, na sequência da morte do Rei, o reino fica
desorientado. O tio bastardo tinha o caminho livre para chegar ao trono, exceto
o príncipe. Como norma, para alguém exterior à linha de sucessão ao trono ser
Rei, era preciso fazer um atentado à casa Real. Foi o caso deste enredo.
Contudo, o que não é normal numa corte é a aia pôr-se no caminho do tio,
trocando a vida do seu filho pelo seu príncipe. Isto, se acontecesse, seria
motivo de recompensa visto que era uma benfeitoria pelo reino. Foi isso que
aconteceu. Foram à câmara dos tesouros, habitual nos palácios da altura, onde
guardavam as riquezas e os saques do reino, para recompensar o feito heroico da
aia.
Este conto não é só uma narrativa de ficção, mas
também a caracterização de um espaço social concreto – o ambiente de corte na
Idade Média.
Mário Domingos, nº13, 9ºA
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