Concurso Literário 2018 – Dia da Marinha
O Mar
“As ondas quebravam uma a uma./ Eu estava só, com a areia
e com a espuma/ Do mar que cantava só para mim.”.
De repente, ouvi um murmúrio suave de uma voz masculina
que dizia:
- Sophia... Sophia... Sophia... Vem cá!
Olhei uma, olhei duas e olhei três vezes. Era um rapaz
belo de olhos cor de mar. O seu tronco parecia forte, tal como os grandes castelos
que serviam de proteção no século XIV. Contudo, para meu espanto, em vez de
umas belas pernas, tinha uma cauda brilhante. Percebi, ainda, que era da minha
idade. Então, num passo mediano, dirigi-me a ele com a alma repleta de susto.
Cada vez que me aproximava, mais medo tinha. Então, perguntei:
- O que quer de
mim?
- Queria mostrar-te
o mar e todas as suas maravilhas - respondeu ele empolgado.
Fiquei muda. Estava estupefacta. Como iria nadar com ele?
Eu adoro natação, mas nem fato de banho tinha! E não aguentaria tanto tempo
debaixo de água! Vendo a minha agitação, esse tal ser misterioso pegou na minha
mão delicadamente e sobre ela caiu um pozinho doirado e brilhante. Nesse mesmo
momento, as minhas pernas transformaram-se numa só cauda e o resto das roupas
num soutien.
- Eu chamo-me Adrien. É um prazer conhecer-te!
- Adrien! Como
assim!? Eu não posso ficar sereia para sempre! Creio que entre mim e o mar existe
uma grande amizade, mas…eu perderia a minha nobre casa e toda a minha família…e
isso não está certo…
- Não te preocupes, Mademoiselle! O pó que te coloquei
dura apenas uma hora!
- Então, partamos! - disse eu em tom decisivo.
Entretanto, Adrien fez uns gestos estranhos para invocar
o mar. Queria que viesse uma onda que nos levasse, já que não conseguíamos
andar.
O tempo ia passando… De repente, comecei a sentir o meu
corpo a desformatar e, então, desmaiei.
- Oh não! Tenho de a salvar!
Rapidamente, Adrien pegou em mim e trouxe-me para a beira-mar.
Passados alguns minutos, acordei e reparei numa carta feita de algas cor pérola
e que, como abertura, tinha uma concha. Como não consegui conter a curiosidade,
abri-a e li:
Amanhã,
encontramo-nos
no
mesmo lugar, à mesma hora.
Adrien
Fiquei maravilhada. Parti para casa, pois vi que já era
tarde. A minha família já se tinha deitado. Silenciosamente, tomei um relaxante
banho e, depois, como não tinha muita fome, bebi um chá de tília.
Em seguida, fui-me deitar. Adormeci muito rapidamente,
pois estava cheia de cansaço. Passadas nove horas, acordei e fui diretamente
para a cozinha para tomar o pequeno-almoço. Entretanto, fui para o meu quarto,
vesti um vestido azul, calcei uns sapatos pretos e coloquei um lenço preto, uma
bracelete e um colar. Preparei uma malinha com um pequeno lanche e com o
envelope e pus-me a andar para a praia.
- Adrien! Adrien! Onde estás?
E lá apareceu ele, mas estava muito mal! Tossia sem parar
e estava todo negro... Corri então para o tirar daquela imundice. Com toda a
minha força, tentei ajudá-lo colocando a sua cabeça no meu braço e disse:
- O que se passa? Estás tão estranho!
- Deu-se um enorme derrame de petróleo e fiquei
intoxica-d-d-d-dd-d…
Eu estava assustadíssima! Ele acabara de ter uma paragem
cardiovascular! Então, uma lágrima caiu do meu rosto e, depois dessa, vieram muitas
mais…Entretanto, envolvida na minha angústia e tristeza, abri a minha malinha
sem pensar que o estava a fazer e, com os meus dedos manchados de petróleo,
toquei num pequeno pote que dizia: «Um presente da tua Protetora». Sem pensar
em mais nada, tirei a rolha de cortiça que o fechava e dei de beber ao meu
amigo o que ele continha. Por mais incrível que pareça, ele acordou bastante
vivaço e sem cauda.
De repente, uma estranha figura brilhante apareceu e
disse:
- Tu, Adrien, ficarás sem cauda durante quarenta e oito
horas, o que equivale a dois dias. Ambos têm por missão chamar alguém para
limpar o mar.
E desapareceu…
- Adrien, ouviste isto? Ficarás humano!
- Só por dois dias…- lamentou ele.
Ah! O quê? Não me digam que querem saber o resto! Pronto,
está bem eu conto!
De seguida, fomos chamar a polícia e contamos tudo tim-tim
por tim-tim. Fomos para a minha casa onde pedi à minha ama que arranjasse um
espaço para ele. Passaram dois dias e o mar ficou limpo. Adrien teve de regressar
a sua casa e fiquei novamente sozinha, mas, se pensam que abandonei o meu amigo,
estão muito enganados! Fui ao local onde nos encontrámos pela primeira vez, todos
os dias.
E agora, que tal um conselho da miss Sophia? Se conhecem alguma
pessoa diferente, que consideram muito especial, nunca a abandonem, pois ela
vai sentir a vossa falta!
Assim termina uma das fantásticas aventuras marítimas da
Menina Sophia!!!
Até à próxima!!!
Adriana Gomes Dias, 5.º A
Comentários