a escola e a profissão - primeira parte
[saber, para bem viver]
Andava certo dia a Profissão a deambular pelas ruas da cidade de Coimbra (pt.wikipedia.org/wiki/Coimbra)
quando, já cansada, se sentou num banco de pedra, junto a um muro também ele de
pedra, mas muito mal tratado.
Sentada, com o aspeto do pensador de Rodin,
com a diferença que tinha a bochecha encostada à palma da mão direita e o outro
braço descaído em sinal de desalento, começou então a dizer mal de si e do
mundo, de tudo e de todos, numa revolta incontida que libertava energias tão
negativas que até fizeram estremecer o muro a que estava encostada.
— Que chatice! — ouviu exclamar!
Com ar de estranheza olhou para todo o lado, para baixo,
para cima, para os lados e até debaixo do banco, não estivesse lá um qualquer “marmanjo”…, mas não viu ninguém e voltou à “cisma” em que estava.
— Deixa-te disso! - ouviu de novo
— Mas quem é que está aí? Eu sou uma mulher, mas não tenho
medo de nada nem de ninguém! Sou descendente da Mari´ Brites mais conhecida por
padeira de Aljubarrota!
— Para quem é tão valente está muito nervosa….
— Aiiiii … que eu dou-te um cachação, dou!
— Acalma-te, eu sou a Escola e estou a tentar comunicar
contigo…encosta-te ao muro e escuta….
A descendente da Mari´Brites meio desconfiada, lá fez o que
a voz lhe pedia e…sentiu-se confortável encostada aquela parede de pedra de
Ançã … e deixou-se ficar ali, tentando ouvir, e adormeceu. Adormeceu e entrou
num sonho onde tudo falava: arvores, animais,…e até as casas, por estranho que
pareça, e o que elas contavam dos donos …era de corar até …. ao telhado, aos
pelos, às folhas,… ( ahahah, riu-se para dentro a Profissão).
No meio dessa confusão toda, a escola dirigiu-se a ela e apresentou-se:
— Eu sou a escola de
Santo António , aquele que dava sermões aos peixes…. Ahahah riu-se a Profissão, rematando,
aquela que tem montes de heterónimos… como um tal Fernando que era pessoa.
Uuau! Exclamou a
escola rindo-se com a piada. Fala-me dos teus heterónimos, continuou a escola.
— De certeza que queres? Aí vão: engenheiro, médico,
advogado, juiz, mecânico, construtor civil, militar, polícia, eletricista, agricultor,
professor, economista, enfermeiro, cientista, jardineiro,… Queres mais?
— Não é preciso, exclamou a escola com espanto, é que nunca
vi tanto heterónimo…, nem os escritores… já agora podíamos falar sobre ti mais
detalhadamente …queres?
— Tudo bem …então diz… disponibilizou-se a Profissão
— Sabes, nós aqui construímos profissões, ou seja, saberes
como os teus…não queres cooperar connosco?
— Como?
Olha, falando e esclarecendo os jovens sobre o significado e
objetivo de cada profissão e a importância de cada uma. Assim cada um tentar
descobrir o mais cedo possível o que quer aprender para a profissão que gostaria
de exercer quando for adulto e iniciar a sua vida no mundo do trabalho…
— Boa ideia! Exclamou eufórica a profissão
Combinou-se então um seminário de entrada livre para jovens
e menos jovens com o slogan: “Importância de Saber, para Bem Viver — a Profissão
que eu queria ter!"
Fernando Catarino
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